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Cena de Bonito, atração da FarOFFa no Sofá
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FAROFFA NO SOFÁ é uma Mostra que reúne, em seis dias (entre 11 e 16 de agosto), cerca de 130 espetáculos, além de nove palestras. Tudo no contexto virtual, porque assim segue o mundo das artes, ou pelo menos ainda no Brasil. Assim é o “novo normal”, um formato que vinha se anunciando há tempos em linguagens diversas, mas que ainda não era imperativo nas artes cênicas. A partir de 2020, o digital nunca mais será relegado a registros apenas.
SE A POTÊNCIA das artes é indestrutível e se reinventa a cada período, é também verdade que, de imediato, a sensação é de caos e insegurança. Apesar de gratuita, a Mostra sugere o sistema “pague quanto puder”. A quantia arrecadada será doada às instituições Arte Salva (PR), Haja Amor - A Revolução (RJ), Pela Vida de Nossas Mães (RJ), Instituição Beneficente Conceição Macedo (BA), Casa Aurora (BA), Fundo Marlene Cole (SP), É Da Nossa Cor (SC) e N’Zinga - Coletivo de Mulheres Negras (MG), que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade.
EM MARÇO DE 2020, a primeira edição do FarOFFa, parte do Circuito Paralelo de Artes de São Paulo trouxe ao público paulistano mais de 100 apresentações de 57 espetáculos a 13 espaços culturais de São Paulo; cinco meses depois o evento está de volta, digital, e determinado a fazer a roda girar. FarOFFa no Sofá acontece entre 11 e 16 de agosto, levando ao site da mostra cerca de 130 espetáculos, além de nove importantes depoimentos realizados no Ecum (Encontro Mundial das Artes Cênicas) entre 1998 e 2001, fórum internacional que acontecia na cidade de Belo Horizonte (MG).
PARCERIA é um conceito seminal na trajetória da Corpo Rastreado, produtora que junto com a Périplo, realiza o FarOFFa. Nesta segunda edição, parcerias entre artistas, MITsp - Mostra Internacional de Teatro (SP), Junta Festival Internacional de Dança (PI), Trema Festival (PE) e Manga de Vento (GO), somadas a uma vontade imensa de operacionalizar ideias urgentes e desafiadoras, impulsionam a trazer à tona obras relevantes no contexto brasileiro não só na década atual, mas no percurso da história do país.
DESTA FORMA, mais importante do que manter a lógica de estreias incessantes - modo que o mercado artístico vem operando há tempos - o FarOFFa se debruça em trajetórias, em memória, contexto de criação dos espetáculos, dos artistas, da pesquisa, um envolvimento intenso com a obra e com quem a criou. A partir desse modo de trabalho com as artes, um novo conceito surgiu: o da cuidadoria.
GABI GONÇALVES, da Corpo Rastreado, conta que a cuidadoria tem apostado em “não podemos considerar esse período como um hiato, uma espera para o futuro, mas deve ser um tempo de valorizar os recursos digitais e considerá-los parceiros importantes e indissociáveis das obras artísticas”, diz.
PERCURSOS ARTÍSTICOS. Se o mercado vinha há anos pedindo que novas obras tivessem prioridade na escolha das programações, o FarOFFa no Sofá subverte e elenca em sua edição virtual espetáculos recentes, nem tão recentes e nada recentes. Exemplos de criações que muitos da geração atual não assistiram, criadas no século 20, são Kelbilim, o Cão da Divindade, de 1988, primeiro espetáculo do Lume Teatro, além de Cravo, Lírio e Rosa, de 1996, do mesmo grupo. Ainda da década de 1990, será apresentado o emblemático Hamlet, do Teatro Oficina Uzyna Uzona.
A PARTIR dos anos 2000, o registro de obras completas passou a ser um pouco mais constante. O FarOFFa no Sofá programou, já nascidos após a virada do século, Hysteria, do Grupo XIX de Teatro, de 2001, Shi-Zen, 7 Cuias, do Lume Teatro e Agora e na hora de nossa hora, de Eduardo Okamoto, ambos de 2004. Wagner Schwartz apresenta seu primeiro espetáculo, Transobjeto, de 2004. Ainda dessa década, tem BR-3, do Teatro da Vertigem, de 2006, Áfricas, do Bando de Teatro Olodum e Filosofia na Alcova, de Eduardo Felix, os dois últimos de 2007.
PROGRAMAÇÃO DO FAROFFA. Ter a chance de ver ou rever algumas obras de anos atrás, ou mesmo obras recentes que por algum motivo não foi possível ver no teatro. Amadores, da Companhia Hiato (2016), Azirilhante, de Flavia Melman (2013), Cucaracha (2012), da Cia Teatro Independente, Guanabara Canibal (2018), da Aquela Cia, Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos (2015), de Gabriela Carneiro da Cunha, Macquinária 21 (2016) e Play it Again (2012), ambos do Grupo Oficcina Multimédia, Navalha na Carne (2015), Bacantes (versão 2016) e Hamlet (1992) do Teatro Oficina, Os Gigantes da Montanha (2013), do Grupo Galpão, Saudade em ras D’agua (2005), do Dos à Deux, Why the Horse (2015), de Maria Alice Vergueiro, A Cidade dos Rios Invisíveis (2014), do Coletivo Estopô Balaio, Julia (2011), de Christiane Jatahy e Palhaços (2005), com Dagoberto Feliz e Danilo Grangheia.
VALE CITAR QUE, além das obras brasileiras, Colômbia, Argentina e México estão representados, respectivamente, pelos espectáculos Animal, de Gustavo Miranda; El Ritmo, da Compañía Buenos Aires Escénica, de Matias Feldman; e Lo Unico Que Necessita Una Gran Actriz, Es Una Obra Y Las Ganas De Triunfar, do Vaca35 Teatro em Grupo.
ALÉM DE TEATRO, estão contempladas obras que dialogam com várias linguagens, com a dança, com a performance e com as artes do corpo. Nessa categoria estão Protocolo Elefante (2015), do Grupo Cena 11, A Cozinha Performática (2013), do Núcleo Marcos Moraes, Obrigado por vir e Blue Requim, ambos de Key Zetta e Cia (2017), Os Corvos (2017), de Luis Arrieta e Luis Ferron, TransObjeto (2004), primeira obra de Wagner Schwartz, Trança (2016), de Thiago Granato e Médelei - Eu Sou Brasileiro (etc) e Não Existo Nunca de Cristian Duarte.
ALGUMAS PAUTAS (e lutas) importantes e recorrentes da atualidade encontram reverberação na programação do FarOFFa no Sofá. A importância da produção que prioriza o Teatro Preto está em peças como O Encontro, de Aline Mohamad e Isaac Bernat (2018), Navalha na Carne Negra (2018), de José Fernando Peixoto de Azevedo, Negra Palavra (2019), do Coletivo Preto e Companhia de Teatro Íntimo, Áfricas (2007), primeiro espetáculo infantojuvenil do Bando de Teatro Olodum, Esperança na Revolta (2018), da Confraria do Impossível, Quando eu Morrer vou Contar a Deus (2018), do Coletivo O Bonde, Traga-me a Cabeça de Lima Barreto (2018), da Cia dos Comuns, Alguma Coisa a Ver Com Uma Missão (2016), da Cia Os Crespos e a exibição da performance Em Legítima Defesa, do coletivo homônimo, uma ação em que 56 artistas negres tomaram os corredores da plateia do Teatro Municipal de São Paulo em 2016, performance que abre as transmissões do FarOFFa no Sofá no dia 11 de agosto, às 12h30.
O ENCONTRO com a diversidade também se dá por meio das exibições de Manifesto Transpofágico (2019), solo escrito e interpretado pela atriz Renata Carvalho; por Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu de Jo Cliford, com direção de Natalia Malo e interpretação de Renata Carvalho; por show da performer Marina Mathey, e por exibição do espetáculo Segunda Queda (2019) de Ave Terrena e Claudia Schapira. Já o coreógrafo e dançarino Edu O, artista com mobilidade reduzida, terá três trabalhos veiculados no FarOFFa: os espetáculos de dança Kilecummmmmm (2018) e Se quiser, deixe sua lembrança! (2016); e o infantil Bonito (2017).
A PROGRAMAÇÃO do FarOFFa no Sofá, de 11 a 16 de agosto, pode ser vista em: www.faroffa.com.br. Valor do ingresso: pague quanto quiser. A verba será destinada às instituições Arte Salva (PR), Haja Amor - A Revolução (RJ), Pela Vida de Nossas Mães (RJ), Instituição Beneficente Conceição Macedo (BA), Casa Aurora (BA), Fundo Marlene Cole (SP), É Da Nossa Cor (SC) e N’Zinga - Coletivo de Mulheres Negras (MG).
Fábio Vidal interpreta Sebastião
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DEPOIS DE SEU BOMFIM, que abriu a programação, e Carta de Um Pirata, exibido em 5 de agosto, Solos em Todos os Solos apresenta Sebastião, em 12 de agosto, quarta-feira, às 20 horas.
SEBASTIÃO se vê envolvido em uma trama de perseguição depois de participar do saque de um avião que caiu com R$ 5,6 milhões. Devoto do padre Cícero, viciado em jogos e totalmente endividado, ele, por obra do acaso, recebe um tesouro dos Céus que acaba sendo o motivo de sua tragédia. Um presente que vira uma maldição.
ESTA ENCENAÇÃO constitui-se de uma teatralização de dados e fatos reais que aconteceram quando uma aeronave se espatifou nas terras de Maracangalha (BA), em 2007, e, ao invés de felicidade, trouxe desespero e terror para os moradores locais. Sebastião trata sobre a natureza humana estabelecendo reflexões sobre o poder, dinheiro, direitos humanos e ética. O autor e diretor Fábio Vidal também é o intérprete do personagem.
SOLOS EM TODOS OS SOLOS tem apresentações on-line no Sympla Streaming (beta). Ingressos: https://www.sympla.com.br/multiplanejamento. Pague quanto puder (parte da renda será doada para iniciativa de apoio aos profissionais da cultura que estão em dificuldades em virtude da pandemia). |
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Veja a capa da edição:
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